12/12/2008

Meu caro amigo, me perdoe

Se você, leitor, tem aí "Meu caro amigo", de Chico e Francis Hime, dê uma ouvida agora e volte aqui para ler a crônica

de Paulo Costa Lima:

Meu Caro Amigo:

uma homenagem a Chico e Francis Hime

O que há de tão especial nessa canção?

De um lado o tom da delicadeza — existe algo mais carinhoso do que um ‘meu caro amigo’? E que vai adiante: me perdoe por favor, se não lhe faço uma visita... É uma linguagem bálsamo que a entonação quase jocosa de Chico realça e projeta (Confira no Youtube).

De outro, o tom do desabafo, um painel de durezas elencadas em carritilha logo após ‘a coisa aqui ta preta’, registrando muita mutreta pra levar a situação, e nessa mesma linha: careta, pirueta, sarro, sapo, cachaça... O desenlace é inevitável: ‘ninguém segura esse rojão’.

Quem viveu a década de 70 no Brasil sabe como foi intolerável o massacre de mídia do bordão ‘ninguém segura esse país’ — a ditadura insistia em ser coisa nossa. A canção dá o troco, com uma dose vingativa e terapêutica de ironia e de pirraça: não é um país, e sim um rojão. O verso talvez tenha sido profético, basta lembrar o rojão que estourou no Rio Centro alguns anos depois.

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